Cooperação Brasil e Alemanha para produção de energia sustentável: as ambições alemãs e as oportunidades para o Brasil no mercado de Hidrogênio Verde

Carolina de Lima Montela

Resumo

A transição energética requer um esforço global, pois provoca alterações na geopolítica da energia e acarreta em desafios e oportunidades distintas para os diversos países. Nesse sentido, a cooperação internacional é imprescindível para que as metas climáticas sejam devidamente alcançadas. O presente artigo busca abordar a cooperação entre o Brasil e a Alemanha para a produção de hidrogênio verde, uma das principais apostas para alcançar a descarbonização e cumprir essas metas.

Perspectivas para o mercado global de hidrogênio verde e cooperação internacional

A demanda global por energia sustentável está em constante ascensão devido, sobretudo, à escassez de recursos naturais e a preocupação com as mudanças climáticas. O temor crescente ligado ao meio ambiente e as consequências de sua destruição como o aumento de catástrofes naturais, incluindo secas prolongadas, enchentes e temperaturas extremas, coloca em evidência a necessidade e premência em buscar fontes renováveis de energia e incentivar a cooperação internacional, a fim de cumprir com os compromissos estabelecidos no Acordo de Paris (i) e atingir um desenvolvimento sustentável significativo.

Nesse sentido, o uso do hidrogênio verde (H2V) desponta como a principal aposta das economias desenvolvidas para alcançar a descarbonização. Em um mundo no qual o meio ambiente têm sofrido cada vez mais os efeitos negativos do uso de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo, o uso do hidrogênio renovável passou a ser essencial, sendo uma alternativa mais limpa e barata (Soares, 2023). Diante das restrições de acesso à energia russa devido à guerra na Ucrânia e de críticas à ampliação da queima de carvão mineral, a Alemanha está buscando ampliar sua matriz energética de forma a reduzir a dependência do gás russo, apostando em alternativas mais sustentáveis.

Tendo isso como objetivo, o país realizou, em fevereiro de 2023, o primeiro leilão global para importar hidrogênio verde, com contratos de dez anos (Neto, 2023). Isso aumenta a possibilidade de outros países europeus, que também estão sendo afetados pela crise energética  provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, em seguir este exemplo e investir em H2V. Com isso, abre-se um mercado bilionário, já que não havia até então um grande comprador no mercado mundial e o aumento da demanda por H2V possibilita reduzir os custos de produção.

Para ser produzido e ganhar o selo verde, o hidrogênio combustível precisa ser obtido sem a emissão de gases do efeito estufa. Isso significa que a energia usada no processo de produção precisa vir de fontes limpas e sustentáveis (Neto, 2023). A capacidade brasileira de produzir 1,3 milhão de megawatts (MW) de geração eólica e solar faz o Brasil emergir com enorme potencial de produção de H2V a baixo custo e se tornar um dos maiores produtores de hidrogênio verde do mundo (ibidem). A Alemanha reconhece o potencial brasileiro neste mercado e, interessada em retomar a vanguarda do processo de transição energética e, sobretudo, driblar a sua dependência do petróleo e gás russos, busca cooperações com o Brasil.

A cooperação germano-brasileira para a produção deH2V

Diante das restrições de acesso ao gás russo a Alemanha se esforçou para garantir um fornecimento alternativo de energia, o que incluiu voltar a investir na velha indústria local de carvão. “Em 2022, o governo decidiu resgatar cerca de uma dúzia de usinas e estender a vida útil de várias outras que deveriam ser fechadas” (Pladson, 2022). Isso gera inúmeras críticas, pois contraria as metas climáticas do país, que pretendia tornar-se neutro em carbono até 2045, inclusive, anunciando em 2020, que pararia de queimar carvão, gradualmente desativando suas usinas até 2038 (ibidem).

As críticas relacionadas à indústria do carvão e a necessidade de cumprir compromissos climáticos pressionam a Alemanha a depositar sua esperança no H2V. Segundo um estudo publicado pela consultoria estratégica alemã Roland Berger, o hidrogênio verde será a principal fonte de energia do planeta, caso os compromissos estabelecidos no Acordo de Paris forem cumpridos (Soares, 2023). “Nesse cenário, o mercado mundial de H2V deverá movimentar mais de 1 trilhão de dólares em venda direta do combustível ou derivados” (ibidem). A Alemanha, todavia, não consegue produzir internamente todo o H2V de que necessitará nos próximos anos e, ciente dessa limitação, o país estruturou um mecanismo de fomento chamado H2Global, que objetiva buscar parcerias com países com boa disponibilidade de luz solar e/ou energia eólica, a fim de atender às necessidades de abastecimento, promover a troca de conhecimento e investimentos tecnológicos (Ludwig e Galvão, 2023).

Nesse contexto, existe um esforço para promover uma cooperação(ii) mútua entre a Alemanha e o Brasil, a qual visa atender às necessidades de fornecimento de hidrogênio verde e promover a tecnologia de eletrólise alemã no exterior. Segundo a Roland Berger, o Brasil irá liderar o mercado de H2V, transformando-se em um grande exportador global (Soares, 2023). Dessa forma, apostando no potencial brasileiro, a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit GmbH – GIZ, em alemão), tem implementado, há décadas, no Brasil, diversos projetos sobre sustentabilidade em nome do Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ, sigla em alemão) e do Ministério Federal do Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear (BMU, sigla em alemão) (Mayer, 2018).

São exemplos desses projetos, o H2Brasil – Hidrogênio Verde no Brasil – projeto implementado em 2021 pela GIZ, cujo objetivo é “apoiar o aprimoramento da expansão do mercado de H2V no país como peça fundamental na redução da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera e para contribuir para a descarbonização da economia brasileira” (Brasil, 2024) e a força-tarefa de produção, logística e aplicação do H2V. Essas iniciativas resultaram no investimento de 34 milhões de euros para fomentar o desenvolvimento de uma economia verde de hidrogênio no Brasil, além de promover a reunião e o diálogo entre empresas e instituições com experiência em projetos relacionados a H2V, a fim de incentivar estudos e diálogo político entre o  Brasil e a Alemanha (Soares, 2023).

Destaca-se, também, a cooperação com a Coppe/UFRJ em 2023 para a inauguração de uma planta piloto de produção e aplicabilidade de hidrogênio verde (COPPE UFRJ, 2023). Tudo isso demonstra os esforços de cooperação entre os dois países para a promoção de uma transição energética que vise maior sustentabilidade. Além disso, percebe-se também a vantagem competitiva do Brasil e as oportunidades de negócios com a Europa para a exportação de H2V.  

Mas afinal, o que é hidrogênio verde?

O hidrogênio verde está despontando no mundo como uma das principais apostas para a transição energética, pois é classificado como uma energia limpa por possuir emissão zero de carbono (Santiago, 2023). Pode ser utilizado para diversas finalidades: como combustível para automóveis, navios, aviões; para a geração de energia; para a produção de amônia verde; para o aquecimento e em processos industriais. O H2V é obtido por meio de um processo químico conhecido como eletrólise, em que se utiliza a corrente elétrica de fontes renováveis (como a energia eólica ou solar) para separar o hidrogênio (H2) do oxigênio (O2) que existe na água (H2O). “Nesse processo, um dispositivo denominado eletrolisador usa uma corrente elétrica que passa pela água e permite a separação da água em oxigênio e hidrogênio, sem qualquer emissão de gases poluentes” (COPPE UFRJ, 2023).

Esta maneira de produção de H2V “pouparia os 830 milhões de toneladas anuais de dióxido de carbono (CO2) que se originam quando este gás é produzido por combustíveis fósseis” (Iberdrola, 2024), quantidade que se equipara à soma das emissões anuais da Itália, França e Holanda (Enel, 2020). Dessa forma, a total substituição do hidrogênio cinza (o H2 poluente comumente produzido) pelo H2V significaria 3.000 TWh (iii) renováveis adicionais por ano — similar à demanda elétrica atual na Europa (Iberdrola, 2024). Todavia, substituir o cinza pelo verde não é uma tarefa fácil, há alguns desafios na produção do H2V como, por exemplo: exige vultosos investimentos, há dificuldade no transporte e em definir como certificar que a produção de hidrogênio é de fato verde. O principal empecilho enfrentado é o custo da produção. É um processo extremamente caro nos dias atuais, que requer o uso de grandes quantidades de energia (iv).

Nesse sentido, para o H2V ter uma maior competitividade no mercado é de suma importância o barateamento das fontes renováveis. Outra questão a se pensar é o uso da água, pois é preciso considerar uma quantidade considerável no processo de produção. Assim, a fim de preservar os recursos hídricos e manter toda a cadeia produtiva sustentável, é possível utilizar a água do mar e reaproveitar aquíferos poluídos, afinal, “águas que são impróprias para o consumo humano podem ser utilizadas para a produção de H2V e, ao realizar essa coleta de água, o manancial acaba sendo renovado, pois a água poluente é retirada” (FGV, 2023). A necessidade de empreender esses esforços para a produção de H2V se justificam pela premência em promover uma transição energética sustentável, que promova a substituição dos combustíveis fósseis e o cumprimento das metas climáticas.

Por que o Brasil?

Com grande parte da sua matriz energética oriunda de fontes renováveis, o Brasil tem um enorme potencial para se destacar no mercado de H2V, principalmente por baratear os custos de produção. Segundo a Agência Internacional de Energia (International Energy Agency, IEA), “o custo de produção por quilo do H2V a partir da eletrólise da água no mercado internacional, com utilização de fontes renováveis, é de entre 3 e 8 dólares, já no Brasil, o custo estaria entre 2,2 e 5,2 dólares” (Soares, 2023). Dessa forma, as oportunidades de crescimento do país neste mercado são muito promissoras.

Apesar de o Brasil ainda não produzir hidrogênio verde, já possui algumas plantas-piloto conduzidas em parcerias público-privadas, estando a maior parte desses projetos concentrados no Nordeste (Santiago, 2023), devido, sobretudo, à grande produção de energia eólica e solar. Assim, a localização estratégico-geográfica da região Nordeste – está entre as regiões do planeta com maior incidência de sol e vento, além de estar mais próximo da Europa do que o restante do país – atrai diversas empresas, as quais já demonstraram interesse em instalar fábricas de H2V nos portos de Suape (Pernambuco – PE) e Pecém (Ceará – CE) (Soares, 2023). Para se ter uma ideia, “os projetos em desenvolvimento de H2V no Brasil já somam mais de US$ 30 bilhões, o equivalente a aproximadamente R$ 150 bilhões” (Santiago, 2023).

Considerações finais

A demanda global por energia sustentável está em constante ascensão e, portanto, a transição energética deve ser um compromisso de todos, necessitando de um esforço global em inovação, desenvolvimento tecnológico e comprometimento em cumprir com as metas climáticas e promover a descarbonização tendo como fim o desenvolvimento sustentável. A cooperação entre a Alemanha e o Brasil mostra-se promissora não apenas em cumprir com esses objetivos, mas também em satisfazer os interesses de cada país. Por um lado, a Alemanha busca retomar o papel de liderança na transição energética e reduzir sua enorme dependência de combustíveis fósseis, especialmente do gás natural vindo da Rússia.

Por outro lado, os investimentos de países europeus, com destaque para as parcerias germano-brasileiras, além de promoverem uma excelente oportunidade em potencializar as exportações brasileiras, também podem trazer grandes benefícios para o mercado interno, contribuindo na descarbonização de diversos setores industriais importantes como cimento, aço, alimentício, fertilizantes, petroquímico, entre outros. Também contribuiria no objetivo brasileiro em resgatar sua imagem de “potência verde” no cenário internacional e nas metas brasileiras para promover a transição energética e o desenvolvimento sustentável, o que, inclusive, é uma das principais pautas do país durante a sua liderança no G20 (v) este ano, que defende condições mais favoráveis de investimento para pesquisa e desenvolvimento, financiamento da transição energética e promoção de tecnologias limpas acessíveis, levando a uma transição energética mais justa, acessível e inclusiva.

Referências

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. H2Brasil – Expansão do Hidrogênio Verde. Brasília, DF: Ministério de Minas e Energia, 2024.

COPPE, UFRJ. Cooperação Brasil-Alemanha e Coppe inauguram planta piloto de produção de hidrogênio verde. COPPE UFRJ, 9 de ago. 2023. Disponível em: <https://coppe.ufrj.br/planeta-coppe/cooperacao-brasil-alemanha-e-coppe-inauguram-planta-piloto-de-producao-de-hidrogenio-verde/#:~:text=Da%20parte%20da%20Coopera%C3%A7%C3%A3o%20Brasil,e%20%C3%A9%20implementado%20pela%20GIZ>. Acesso em: 7 de abr. 2024.

ENEL, Green Power. Energia renovável para um hidrogênio com emissão zero: o novo desafio da Enel. Enel Green Power, 25 de mar. 2020. Disponível em: <https://www.enelgreenpower.com/pt/midias/news/2020/03/energia-renovavel-hidrogenio-emissao-zero-enel%20>. Acesso em: 7 de abr. 2024.

FGV. Pesquisadores revelam oportunidades para utilização de Hidrogênio Verde no Brasil. FGV, 17 de fev. 2023. Disponível em: <https://portal.fgv.br/noticias/pesquisadores-revelam-oportunidades-utilizacao-hidrogenio-verde-brasil>. Acesso em: 7 de abr. 2024.

IBERDROLA. O hidrogênio verde: uma alternativa para reduzir as emissões e cuidar do nosso planeta. Disponível em: <https://www.iberdrola.com/sustentabilidade/hidrogenio-verde#:~:text=Apesar%20de%20tudo%2C%20o%20hidrog%C3%AAnio,cara%20a%20obten%C3%A7%C3%A3o%20do%20hidrog%C3%AAnio>. Acesso em: 7 de abr. 2024.

KEOHANE, Robert O. After Hegemony: cooperation  and  discord in the political economy. New Jersey: Princeton University Press, 1984.

LUDWIG, Marcos; GALVÃO, Bruno. Hidrogênio verde e oportunidades entre o Brasil e a Europa. Epbr, 22 de mar. 2023. Disponível em: <https://epbr.com.br/hidrogenio-verde-e-oportunidades-entre-o-brasil-e-a-europa-por-marcos-ludwig-e-bruno-galvao/>. Acesso em: 7 de abr. 2024.

MAYER, Bernd dos Santos. Brasil e Alemanha: Cooperação para Desenvolvimento Sustentável. Brasil Alemanha News, 1 de nov. 2028.  Disponível em: <https://brasilalemanhanews.com.br/coluna-em-destaque/brasil-e-alemanha-cooperacao-para-desenvolvimento-sustentavel/>.  Acesso em: 7 de abr. 2024.

MENDES, Flávio Pedroso; LIMA, Shênia Kellen. Realismo e institucionalismo neoliberal: um panorama da evolução do mais representativo debate da Teoria das Relações Internacionais. Fronteira, Belo Horizonte, v. 4, n. 7, p. 63-90, jun. 2005.

NETO, João Sorima. Alemanha amplia chances do Brasil no hidrogênio verde. O Globo, São Paulo, 20 de mar. 2023. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2023/03/alemanha-amplia-chances-do-brasil-no-hidrogenio-verde.ghtml>. Acesso em: 7 de abr. 2024.

PLADSON, Kristie. Crise energética reacendeu indústria do carvão na Alemanha. DW, 30 de dez. 2022. Disponível em: <https://www.dw.com/pt-br/como-a-crise-energ%C3%A9tica-reacendeu-a-ind%C3%BAstria-do-carv%C3%A3o-na-alemanha/a-64242697>. Acesso em: 7 de abr. 2024.

SANTIAGO, Tatiana. Hidrogênio verde: Brasil será maior produtor mundial de combustível do futuro. InvestNews, 8 de maio de 2023. Disponível em;  <https://investnews.com.br/infograficos/hidrogenio-verde-brasil-pode-se-tornar-lider-de-producao-mundial/>. Acesso em: 7 de abr. 2024.

SOARES, João Pedro. Hidrogênio verde promete turbinar parceria Brasil-Alemanha. DW, 3 de fev. 2023. Disponível em: <https://www.dw.com/pt-br/hidrog%C3%AAnio-verde-promete-turbinar-parceria-brasil-alemanha/a-64599718>. Acesso em: 7 de abr. 2024.

UNITED NATIONS Climate Change. UNFCCC. The Paris Agreement. Disponível em: <https://unfccc.int/process-and-meetings/the-paris-agreement>. Acesso em: 7 de abr. 2024.

Notas

(i) O Acordo de Paris é um tratado internacional sobre mudanças climáticas adotado por 196 países durante a Conferência das Partes (COP21), em Paris, em 2015. Seu objetivo é fortalecer a resposta global conjunta à ameaça das alterações climáticas e a necessidade de limitar o aquecimento global a 1,5°C até o final deste século (United Nations, 2024).

(ii) Cabe mencionar que a “cooperação requer ocorrência de ajuste nas condutas dos Estados, num processo de coordenação de políticas em que o comportamento de um ator é visto como compatível com a promoção dos objetivos do outro” (KEOHANE, 1984, p. 51-2 apud Mendes e Lima, 2005). Ou seja, os países promovem arranjos cooperativos a fim de atingir seus interesses. Assim, a cooperação entre Brasil e Alemanha é uma realidade, pois há forte interesse das partes: interesse em retomar a vanguarda do processo de transição energética e torna-se menos dependente do gás russo e, interesse em aproveitar a relevância estratégica do H2V para aumentar sua presença e importância no sistema internacional. 

(iii) TWh (Terawatt-hora) é uma unidade de medida da energia equivalente a 1000 GWh (Gigawatt), ou seja, um bilhão de kWh (Quilowatt) (Enel, 2024).

(iv) Para se ter uma maior compreensão acerca dos custos de produção, o valor de capital de um eletrolisador, essencial para a produção de H2V, em 2021, estava entre US$1400 e US$1700 por quilowatt (Santiago, 2023).

(v) Para mais informações, recomendamos a leitura do artigo: https://pucminasconjuntura.wordpress.com/2024/03/17/reuniao-da-cupula-do-g20-no-brasil-perspectivas-e-desafios/

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